Primeira viagem de esqui na NZ

A primeira vez que esquiei foi quando fui intercambista nos Estados Unidos, em 1996. Morei no Colorado, que hoje em dia sei ter as melhores montanhas pra esquiar nos EUA. Naquela época eu não sabia, então acabei me acostumando mal, tendo esquiado em dias lindos de sol e montanhas com neve fofa, decoradas de árvores. Na NZ a experiência foi um pouco diferente, mas aos poucos, ao relatar as viagens que fiz pra esquiar tanto na ilha norte quanto na sul, dá pra ver que diferente não necessariamente significa ruim.
Assim que cheguei em Auckland já tinha uma viagem de esqui programada com amigos brasileiros (os que abrigaram o André quando ele chegou), para a cidade de Ohakune, mais ou menos na metade da ilha norte. Não mencionei ainda, mas a  Nova Zelândia é formada por duas ilhas: a norte, onde fica Auckland, a maior cidade do país, ao norte, e Wellington, a capital, no sul da ilha norte. De Wellington é possível pegar uma ferry pra cruzar pra ilha sul (fz essa travessia, que relatarei num oustro post). A ilha sul tem algumas cidades importantes, mas bem menores: Dunedin (cidade universitária), Christchurch (bastante destruída por terremotos recentes), e as paisagens mais dramáticas e lindas do país estão lá: os fjords, as montanhas Cook e as geleiras são exemplos dos lugares que eu visitei na ilha sul e que achei magnífícos.
Mas voltando a viagem de esqui: foram 4 horas de carro até a cidade de Ohakune. Nos hospedamos numa casa bem antiga, meio estranha, que acabou que tanto eu quanto a Karla, minha amiga, tivemos pesadelos a noite inteira. Bom, acordamos cedo na manhã seguinte e fomos pro Mount Ruapehu, no lado de Turoa. Mount Ruapehu tem 2 lados onde dá pra esquiar, o lado de Turoa e o de Whakapapa. Era um dia bem feio, com pouca visibilidade. Lembro que paramos várias vezes pra bater fotos. Eu nem me empolguei com a neve, pois depois de ter morado no Colorado durante o inverno, onde foi neve por 5 meses, eu não achei a neve daquele dia muito interessante.
Depois de estacionarmos o carro fomos alugar esquis e nos matricular em aula. Eu era a mais experiente do grupo, mas isso de maneira alguma significava que eu sabia o que estava fazendo. Fiz aula com os demais, e a diferença é que depois da aula eu estava descendo uma das pistas verdes, de iniciantes, enquanto os demais ainda estavam na pista de aprendizado. Quando penso na roupa que eu usei naquele dia vejo como estava mal preparada pra esquiar. Estava com uma calça e blusa térmicas (que eu havia comprado no Warehouse, uma loja bem barata na NZ), e por cima uma calça larga de moleton preto bem grossa, e na parte de cima algum casaco médio e o casaco de neve que eu havia comprado ainda na época do intercâmbio. Durou bastante aquele casaco e quebrou vários galhos nos dias incomuns de bastante frio tanto no sul do Brasil quanto na NZ.
Sinuca na noite que chegamos em Ohakune
Cenas do dia em Turoa, Mt Ruapehu

Nós havíamos trazido sanduíches pra comer de almoço, que levamos pra cabana restaurante ali embaixo na montanha e nos sentamos numa mesa pra comer. O restaurante estava super cheio e fiquei observando os kiwis (como se refere aos neo-zelandeses. Kiwi é o pássaro símbolo da NZ. Ele não tem asas e por isso não voa. É muito difícil ver um na natureza, pois estão em extinção), vendo o que comiam, com se vestiam e se comportavam. Parecia mesmo que eu estava observando uma outra espécie.
Depois do almoço eu e o André fizemos alguma descidas um pouco mais difíceis juntos (mas mesmo assim nível iniciante), e uma das cenas mais engraçadas que eu vi na vida foi o André passando por mim a toda, sem equilíbrio e sem conseguir parar, se segurar numa mulher que estava descendo a montanha na frente dele e os 2 indo direto pro chão. Eu ri que me acabei. Óbvio que a mulher e o namorado dela ficaram bravos com ele.
Quando foi pelas 3 da tarde resolvemos ir embora, e foi aí que tivemos problema do carro alugado não ligar. Tentamos de tudo, inclusive um cara veio nos ajudar com uns cabos pra fazer jumpstart, pois era problema de bateria fraca, mas não funcionou. Ligamos pro atendimento de assistência, e aos poucos fomos vendo a montanha ficar vazia, com as pessoas indo embora, com excecão de nós. A pouca luz daquele dia nublado e feio foi acabando, e nós lá  naquele estacionamento vazio ainda. Até que o motorista de um ônibus que leva as pessoas da montanha até o centro da cidade foi nos ajudar. Nunca vou esquecer daquele cara, era bem estilo kiwi. Cabelo loiro meio comprido, vestido de forma meio, digamos, desleixada, mas super simpático e querendo ajudar, bem característica dos neo zelandeses. Ele que conseguiu dar jeito e fazer o carro funcionar.
Finalmente fomos em direção a casa de novo, e depois de um banho saímos pra um drink e jantar. Fomos num lugar onde tinha música ao vivo e lembro da minha felicidade de reparar que o cantor sabia realmente cantar as músicas em inglês de forma que pudéssemos identificar o que ele estava cantando! No Brasil, naquela época, a maioria da sbandas que tocava conseguíamos reconhecer a música pela melodia, mas a letra era impossível de entender, pois os vocalistas não sabiam pronunciar em inglês. Hoje em dia acho que deve ser diferente, se bem que não moro mais no Brasil faz tempo, então não sei de certeza.

Visitando Hukka Falls pela primeira vez
Lake Taupo


No domingo foi dia de retornar a Auckland, mas na viagem de volta é costume as pessoas pararem em Hukka Falls, umas cachoeiras bonitas de águas rápidas , que ficam no caminho de volta pra Auckland. Lá dá pra entrar num barco que navega pelas correntes rápidas da cachoeira, mas nós nunca fizemos esse passeio.
Paramos também em Taupo, a principal cidade perto do Mount Ruapehu, onde tem um lago bonito.

Fizemos diversas viagens pra esquiar durante nossos anos na Nova Zelândia, e essa foi a primeira delas.

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